
O tema da “comunidade virtual” é extremamente interessante. Mais do que a própria blogosfera, a capacidade do universo virtual é quase tão extensa e ilimitada, como a do nosso universo físico, permitindo um infindável número de abordagens.
Sem dúvida trata-se de um espaço paralelo, de uma nova dimensão, onde não só a informação circula livremente, mas de facto também nós, cibernautas e utilizadores deste mesmo espaço, podemos vestir a pele de uma entidade qualquer, diferente de nós e circular livremente – por vezes, até mesmo de forma anárquica, sem regras ou leis (o que prova os vários tipos de abusos
que surgem na comunidade virtual)! A complexidade de um avatar (como nossa projecção no mundo paralelo) apenas depende de nós próprios e da imagem ou personalidade que queremos mostrar ao universo de utilizadores virtuais.
Hoje em dia, penso que a tendência organizacional da Internet, como espaço paralelo das nossas vidas, esteja cada vez mais subdividido em pequenos sub-espaços ou sub-universos. Parece-me lógica essa cisão entre “espaço informativo” (vulgo, blogues e páginas de Internet) e “espaço de diversão” (comunidades de jogadores online, salas de chat e sub-universos paralelos (metaversos - universos de realidade virtual, como o Second Life ®).
Há na actualidade, uma autêntica diáspora para o universo virtual, justificada pela necessidade constante de expansão do ser humano.
Como cibernauta, percorro os vários universos em incursões e viagens constantes de reconhecimento, que me permitem não só alargar os meus conhecimentos, mas igualmente disfarçar os meus defeitos ou exagerar as minhas virtudes. O Second Life ® é, incontornavelmente, a realização de um tão esperado sonho, o grande passo para a concretização da exploração de universos paralelos, tão difundida pela literatura de ficção científica.
Mais do que um simples “genos” (onde até pode haver “laços sanguíneos” virtuais, se esse for o nosso desejo) a sua organização reproduz fielmente uma organização sociocultural complexa – podemos-nos organizar em clãs, vivendo de forma totalmente paralela à nossa vida real, onde possivelmente somos estranhos solitários em frente a um computador, ou num qualquer ponto de acesso à Internet. A pluralidade e diversidade existentes no espaço virtual é absolutamente fantástica - a hiper-realidade é absolutamente envolvente.
É curioso reparar na necessidade que o ser humano tem, de se afastar do plano físico, mas ao mesmo tempo reorganizar-se numa comunidade. Nunca deixamos de ser “animais sociais” – não conseguimos colocar de parte a nossa faceta humana. Não precisamos de ser ascetas, nem tão pouco queremos encontrar a solidão ou isolamento e até nos podemos “esconder” por detrás de um computador, quais eremitas da sociedade, mas os nossos sentidos primários clamam pelo contacto e proximidade da comunidade.
Pedro J. Ramos
Post Scriptum: (é tão giro ter a mania que sei falar latim) Sugiro leitura alargada sobre as teorias da hiper-realidade, publicadas pelo Humberto Eco e Jean Baudrillard (que como fotografo e poeta, tem uma visão absolutamente fantástica e apocalíptica da realidade). E claro, não esquecer a necessidade de se rever (pela enésima vez) a trilogia do Matrix.
Sem comentários:
Enviar um comentário